16.5.05

Meu primeiro dia em Salvador

Escrevi essas linhas no meu primeiro dia em Salvador.
Ficava entorpecida com o nascer e o por-do-sol naquele apartamento lindo da Barra. Pena que esse deleite durou somente 15 dias... logo veio o tempo feio e a chuva que estão aqui até hoje...
Atenção para o meu primeiro café da manhã na cidade!
Gente, devo confessar que estou encantada e nada arrependida (até agora) de ter dado esse rumo à minha vida. Vocês nem imaginam como estou nesse momento!
São dez para as nove da noite e estou na sacada do meu apto, de frente para a praia (uma paisagem magnífica messssmo!), escrevendo essas palavras ouvindo Vinicius de Morais. Incrível.
Estou fisicamente cansada porque corri o dia todo atrás de apartamento. Os serviços de imobiliária aqui não são como em São Paulo. (estou vendo dois carros de polícia na rua, andando vagarosamente. Quando se vê isso em São Paulo?) Você tem que atravessar a cidade, ir até a imobiliária, buscar as chaves do apartamento que estão do outro lado da cidade (são sempre esses que se quer ver) e depois que devolvê-los no escritório. Ninguém te acompanha e eles confiam em qualquer um. E se resolvo não voltar?
Bem, ontem o Fábio e a Michele (namorada) foram me buscar no aeroporto como uma hora de atraso (como bons baianos) e fomos almoçar numa churrascaria rodízio. Os preços são quase como os de São Paulo, mas com uma diferença, camarão se come à vontade como petisco e batatinhas e polentas se come quase nada.
Chegamos aqui no apto e fiquei um pouco decepcionada, mas gora já me sinto mais em casa. A fachada do prédio já é um susto, o elevador outro maior ainda – sabem aqueles que vc tem que fechar uma grade dentro de ferro para ele andar? Pois é, assim mesmo, andando a 1 metro por hora e a impressão que se vai cair a qualquer momento. Quando cheguei aqui dentro fiquei meio triste porque o apartamento é lindo, mas muito mal cuidado e sujo. Tem tudo o que precisa-se para viver, menos TV a cabo e seriados. Em compensação a maior diversão está no hotel que tem na frente. Acho que por causa do calor e da brisa gostosa, o povo desencana do ar condicionado e deixa a janela escancarada. Aí a gente vê as cosias acontecerem... desfile de cuecas e calcinhas, homem coçando o saco e casais brigando! Ahhh comédia. Me diverti ontem com a desgraça dos outros (detalhe: hoje sou eu quem estou de calcinha e camiseta na calçada. Esse apto não tem nem ventilador, muito menos ar condicionado!). Dormi bem, mas estranhei um pouco o barulhos do mar na janela (risos). Mentira. O barulho dos carros abafa o mar nas pedras...
Hoje saí de casa cedinho e encontrei com a vizinha aqui que, além de me indicar onde era o bairro que tinha que ir, foi até o ponto comigo, parou o ônibus, confirmou se parava perto de onde tinha que ir e pediu para o motorista me deixar no local. Primeiro mico – entrei pela frente do ônibus e todo mundo começou a me olhar como se eu fosse um ET. Aqui se entra por trás.
Não encontrei nada como queria, mas algo melhor... um apartamento de quatro dormitórios novo, de frente da praia Pituba (uma das mais movimentadas que une parte residencial e comércio). A namorada do Fábio aqui está buscando um de dois dormitórios para morar com as irmãs e se acertarmos esse vou poder me deliciar num quarto meu com ante-sala e banheiro privativos. O preço é meio salgado, mas dividido por 4 fica preço de 1 dormitório. Fora que elas tem todas as mobílias e eletrodomésticos básicos. Eu só teria que comprar um armário e coisas para a minha ante-sala. Ai que maravilha... que terra abençoada.
Bom... nessa primeira saga, nesse primeiro dia, já me aconteceram coisas engraçadas. Fui ao shopping comprar meu novo CLARO e lembrei daquele episódio da semana passada. Ah Rachel, como queria que vc estivesse comigo para morrer de rir.... além de comprar e habilitar meu chip em 40 minutos, o cara ainda habilitou meu wap da loja, sem precisar ligar pra nenhuma central de atendimento para ficarmos ouvindo aquelas frases mal escritas “estaremos fazendo, estamos providenciando, estaremos te fodendo... ”.
Saindo de lá, lembrei de você Vana, ao me deparar com uma loja que vc conhece muito bem, chamada Chama da Amazônia. Comecei a conversar com a dona que é uma gaúcha que veio há 8 anos para cá, e no meio do papo, apareceu uma negra linda, dizendo para ela que estava procurando uma pessoa para dividir um apto. As duas olharam para mim e comecei a me sentir encurralada. Imediatamente essa negra, chamada Andréia, me arrastou para almoçar para me convencer a ver pelo menos o apto dela. Não é no mesmo bairro que eu quero, aliás bem distante. Falei isso para ela e mesmo assim ela me levou para almoçar com o chefe dela e, acreditem, ele pagou toda a conta sem nem ao menos me conhecer. As pessoas aqui são assim mesmo, atiradas que nem eu. O cara, além de tudo, disse que sou baiana de coração só pelo meu jeito, me chamou de soteropaulistana e ainda me convidou para trabalhar na loja dele. Olha isso!!! Disse que ia procurar nesse próximo mês alguma coisa na minha área e que se eu não encontrasse nada, aceitaria. Trocamos telefone e os dois me ligaram para saber se preciso de alguma coisa.
Parei no meio da tarde para tomar um suco depois de andar uns trocentos quilômetros atrás dessas imobiliárias com serviços limitados. Aproveitei para ligar para mais alguns contatos quando um cara sentado do meu lado começou a puxar papo. Ele disse que era do Rio e foi transferido para cá pelo Banco Itaú. Disse que não volta para o Rio nem a pau e que, mesmo desempregado, fica por aqui porque mão de obra especializada de São Paulo ou de outro Estado é infinitamente mais valorizada do que as da cidade. Infelizmente.
Voltei para casa, carregada de frutas (já comecei minha dieta) e subi para ler os livros que comprei para a matéria da vaca da Eudósia. Nenhum deles da bibliografia que ela indicou, mas vou me virar com o que tenho aqui.
Antes de começar precisava escrever essas coisas para vocês. Esse foi o meu dia. Muito sol, uma chuva quente e rápida no começo da manhã e da noite, nenhum shots, sem carro ainda e um par de havaianas que precisei comprar porque no dia que cheguei fiquem com bolhas no pé de andar de botas (botas em Salvador... onde eu estava com a cabeça??)

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