14.12.05

Tudo é uma questão de manter, a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.


Já dizia Leila Pinheiro em sua música, mas ela esqueceu de explicar: e os problemas a gente põe aonde?

Ás vezes me odeio por não escrever nas minhas madrugadas de insônia. O meu estado zen fica tão intenso que os vinte passos que me separam entre a cama e a escrivaninha da sala parecem léguas. Meus músculos não mexem e a cabeça pesa. Justamente nessa noite, a segunda de insônia seguida, eu precisava de lápis e papel para traduzir meus pensamentos. Eu amo escrever e acho que todas as minhas idéias ficam mais claras quando rabiscadas num pedaço de papel.
Estou em um dilema que nem Ghandi conseguiria me ajudar. Só eu mesmo, com muita frieza (o que não é típico de mim) poderia resolver. Estou entre a cruz e a caldeirinha. Entre o emocional e o racional. Resumindo, entre ficar ou voltar. Optar pela qualidade sem família ou trabalho, optar por São paulo e eles

Sempre que escrevo aqui, acho que consigo demonstrar o quanto eu adoro morar nessa terra. O quanto Salvador me fez bem. Como me inspirou e me fez rir sem ao menos ter motivo. Aqui conheci pessoas encantadoras, lugares maravilhosos. Vi o dia amanhecer num barquinho na praia e morrer no Rio Vermelho ao som de Vinicius de Morais.
Tudo o que passei aqui foi fantástico e se me perguntarem se eu quero ir embora, eu digo com firmeza que não.
A vida aqui é mais leve e mais alegre. Decididamente o céu azul tem influência no humor das pessoas que, mesmo sem dinheiro, sem trabalho, te sorriem no meio da rua sem ao menos te conhecer. Isso é a baianidade, a receptividade calorosa dos soteropolitanos que nunca vão te dar uma informação errada. Vão sim te dizer... “Ôooo meu rei... sei não!!”.
Apesar de ter tudo isso, Salvador também tem o lado do protecionismo, do bairrismo que está me fazendo desistir de todos os sonhos que eu plantei nessa terra. Fincar raízes em solo que não é nosso, é outra história.
Há sete meses, todas as manhãs eu me levando e acho que estou na melhor cidade do mundo, até que eu me lembro de todas as dificuldades profissionais que estou passando aqui e que não consigo achar saída. Sempre há uma vaga, um trabalho na minha área ou que pague um bom salário, mas veja, ela já está reservada para o filho de não sei quem, para a afilhada de fulano ou para o amigo de Zezinho que vem com uma indicação do tio da secretária do secretário das comunicações da cidade.
Isso ferra tudo. Isso me faz sentir que eu estou amando quem não me ama. Sabe aquela coisa de amor não correspondido? Pois é bem isso...
Às vezes acho que eu estou fazendo tudo errado, ou não fiz o suficiente... difícil de acreditar.
A minha maior dificuldade é balancear a razão e a emoção. Depois que se vive nessa terra, não tem jeito de voltar a ser como a gente era. Não tem e quem passou por isso sabe. Não adianta eu tentar explicar para qualquer pessoa que nunca olhou Salvador com olhos de morador da cidade, que não vai entender. Ahhh Bahia que não me sai do pensamento!
Não sei se quero trocar o calor, o cheiro do mar e do dendê pela Selva de Pedras, sem nem ao menos ter um trabalho e a minha casa... ficar nessa situação em Salvador já não é fácil, quanto mais em São Paulo.
Certamente o que me falta é a oportunidade. Seja aqui ou na minha São Paulo.
Sei que de uma forma ou de outra, com a cabeça leve e dormindo, seria bem mais fácil manter o equilíbrio, a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.

Comments:
Vc com certeza irá tomar a decisão acertada e sei que ppoderá contar com todos nós, que fomos conquistados por sua alegria de viver.

bjs
 
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